No momento em que, no dia 25 de abril de 1974, entregava o Poder ao general António de Spínola, Marcello Caetano assumia a sua derrota pessoal como Presidente do Conselho, no termo de um consulado atribulado e complexo, feito de esperanças e desilusões, num permanente equívoco assente em equilíbrios impossíveis entre evolução e continuidade.Mas o que derruía não era, nem apenas nem sobretudo, o seu projeto, mas o próprio sistema político que ele ajudara a construir, do qual fora um dos principais teóricos, e em cujo percurso se empenhara convictamente ao longo de dezenas de anos. Com ou sem Marcello Caetano, o Estado Novo cairia sempre. Porque já estava praticamente morto, esgotado.