Uma possível entrada para a poesia contemporânea, entre inúmeras, é observar o modo como cada poeta lida com os limites da própria linguagem, contornando-os a partir da tensão que guardam com as coisas do mundo. E essa é justamente uma das primeiras questões colocadas em O desportista na cama, livro de estreia de Edmon Neto, que em sua parte inicial, intitulada Limpeza do aparelho, apresenta uma espécie de diálogo com o leitor, no qual a voz cética e perscrutadora que perpassa todo o livro passeia por conceitos da filosofia e da teoria da literatura, faz alusão a polêmicas literárias e suportes midiáticos nos quais a poesia tem reverberado, experimenta métodos, duvida de metodologias e testa procedimentos. Todos esses movimentos são marcados por uma constante indagação sobre a poesia e seu lugar e por um embate acirrado entre crítica e arte, resvalando, inclusive, no espaço acadêmico, colocando em questão os meandros da pesquisa e a possibilidade de a linguagem figurar como objeto(...)