Entre as várias invocações em sede, Eduardo Valmobida atrai o leitor numa imagem esclarecedora desse grande poema meditativo: a rede do pescador. Percorrendo a herança da tradição fi losófi ca, religiosa e poética do subcontinente indiano, o leitor divaga em ciclos embrenhados aos sentidos das palavras. Carregados de símbolos sagrados, seus versos longos ou breves, em estrofes ou em prosa, envolvendo ouvidos e garganta, se pautam pelo sOm primevo, dissoluto nos gêneros à maneira dos deuses, andrógino. Aqui, se há algo espirituoso, se há jogo de palavras, é porque elas são a encarnação de uma expressão espiritual. A relação do Eu com o divino é inesgotável e abrange inclusive entreveros amorosos. Eduardo propõe uma sede que só se sacia no encontro com o sentido primordial das palavras um prazer na ausência (do divino?). [...]