A práxis da violência intrafamiliar se constrói de modo silencioso no âmbito intra e intergênero. Trata-se, portanto, de um fenômeno cultural complexo e polissêmico que a sociedade vem, no decorrer de séculos, naturalizando. Queremos dizer com isso que a violência sempre esteve e, infelizmente, ainda está presente nas relações intrafamiliares ora expressada nos maus tratos físicos, ora expressada sorrateiramente na violência psicológica no ato de um adulto depreciar o modo de ser e de estar da criança/adolescente. Não raro, desencadeando neste irreversível sofrimento psíquico, percebido no baixo rendimento escolar, nos comportamentos agressivos e ou depressivos e nas altas taxas de mortalidade dessa população. Nessa dinâmica familiar, a violência contra a mulher vem processando um estilo de dominação masculina tecido com componentes históricos, econômicos, midiáticos, religiosos e simbólicos que garantem ao masculino uma posição privilegiada. Um sistema de autoridade e dominação que se constitui na atribuição ao homem-pai do lugar do poder simbólico na unidade doméstica. É, portanto, no espaço privado que se articulam os tons das construções subjetivas atribuídas ao masculino e ao feminino e é nessa esfera que a supremacia do masculino é construída. Com a intenção de ampliar os horizontes das relações intrafamiliares e intergêneros, convidamos pesquisadores e pesquisadoras a socializarem suas reflexões críticas um corpus de conhecimento multidisciplinar aqui apresentado em capítulos.