Em um país que, em pleno século XXI apesar da antiga mas ainda propalada tese da democracia racial o preconceito de cor continua a determinar desigualdades sociais, os poemas de Solano Trindade vem ventilar essa temática, atualizada principalmente pela polêmica do sistema de cotas ns universidades. O autor de Canto Negro, lançado pela Editora Nova Alexandria, valoriza, de um lugar subalterno, as peculiaridades da cultura afro-brasileira, proporcionando, portanto, uma coloração política aos seus escritos. Seus poemas cantam as injustiças sofridas pelos negros desde a escravidão que, trazidos da África, não viram sua religião, sua língua e sua cultura serem respeitadas -, mas também o amor, um de seus temas favoritos. Solano Trindade escreveu poemas para serem declamados, pois seu lirismo exige o suporte da voz, do gesto, da expressão corporal. São versos destinados ao público, à tribuna e ao palco. A coletânea reúne poemas como Mulher barriguda (musicado, com extremo sucesso, pelo grupo musical Secos e Molhados) e o célebre Tem gente com fome.