Não é o planeta que se dissolve, mas um modo de habitá-lo. A crise ecológica não expressa a impossibilidade de permanecer nesta terra, mas, sim, a de permanecer rígido, engessado, fechado a um porvir mais forte, a uma vida que escapa aos padrões mantidos em nossa sociedade pelo hábito e por uma tradição de enrijecimento. A ecologia, na visão de Ana Godoy, está intimamente ligada ao pensamento e à invenção de mundos, de modos de existência singulares - a arte. Trata-se de abandonar a ecologia do ressentimento, da culpa e do pânico, em prol de uma ecologia avizinhada de uma filosofia prática, de um empirismo transcendental que pede pela liberação da vida, onde quer que esteja amarrada, amordaçada e destinada à mera repetição dos valores de um mundo em declínio.