Os objetivos da União Europeia em matéria de política externa são, ao menos formalmente, de grande ambição. A via alternativa que a aliança ocidental de certos países europeus acreditava encarnar pensou a si mesma e se apresentou como a única opção possível, que evitasse aos parceiros e ao mundo em geral ter de se alinhar com um ou outro bloco ao tempo da Guerra Fria. A União Europeia de 2011 ainda se entende assim, embora as alternativas de projetos políticos na segunda década do século XXI já não estejam estigmatizadas pela tensão político-militar que marcou o período subsequente à II Guerra Mundial. A arquitetura institucional reservou à política externa e de segurança comum uma montagem de estrutura e operadores que tencionavam estar à altura de tal projeto. Se a ambição era elevada, a estrutura seguiu-a. A reflexão aqui oferecida ao leitor se organiza em dois momentos. A primeira parte se dedica a expor a política externa, de segurança e de defesa da União Europeia. Sua concepção, sua organização, sua estrutura, seus agentes, seus objetivos, seu contexto, seus rivais. Para bem apreender o universo complexo dessa política e as condições de sua formulação e de sua prática, importa conhecer o feixe de circunstâncias históricas que, em especial desde meados do século XIX, conformaram sociedades, culturas, mentalidades, nações, Estados, comportamentos, conflitos e conciliações no mundo europeu, tanto ao Ocidente como ao Oriente. Assim, a segunda parte se dedica a apresentar uma visão de longo prazo das muitas variáveis que atuaram sobre a Europa e das muitas ocorrências que lhe atravessaram a vida, desde aproximadamente 1850, e que são fundamentais para compreender o cenário europeu e internacional na segunda década do século XXI.