A pintura é a vida privada", dizia Degas, "é a besta humana que se ocupa de si própria, uma gata que se lambe" ... Todos os artistas, de Rembrandt a Picasso, de Fragonard a Ingres, de Klimt e Schiele a Grosz, Dix e Schad, ou de Bellmer a Wesselmann, pareciam maravilhados com um natural, uma simplicidade que nunca antes tinham descoberto em parte alguma: observar, surpreender a mulher nas suas ocupações privadas e secretas, como através de um buraco de fechadura, o que lhes permitia, enfim, exprimir esta impressão de um corpo totalmente ocupado a descobrir-se com curiosidade, a explorar-se como um mundo desconhecido, a ocupar-se unicamente de si próprio. Segundo os sexólogos, discípulos do bom Doutor Freud, o homem é levado por um dos impulsos mais fortes que sustenta a libido: a aspiração inextinguível de regressar a sua mãe, de regressar ao mar. ..Aceitando a homenagem visual do homem, a mulher e testemunha de um generoso abandono. Ela oferece ao olhar aquilo que tentou esconder violentamente, para que nunca se deixasse entrever, para o proteger sem cessar. Ela enfrenta o tabu mais enraizado nos nossos hábitos. Segundo a expressão popular, "Ela mostra tudo". É o que faz os artistas tentarem ir mais longe, para além da representação do simples nu feminino, querendo ver e mostrar tudo. Porque não ver e sinônimo de tormento, enquanto que ver traz a paz.