Como uma pessoa pode aprender a conquistar um parceiro, a tornar-se ela própria um bom cônjuge e assim fazer de sua conjugalidade uma relação duradoura? Esta é a pergunta que atravessa a interessante análise de Vera Alves a respeito da bibliografia de autoajuda. Ela não dá uma resposta definitiva à questão, mas ao contrastar, por exemplo, a pedagogia explicitada nos livros de autoajuda com a prática psicoterapêutica mostra como uma conduz os indivíduos a encontrarem por si mesmos seus caminhos, ao passo que na literatura aqui analisada, a ênfase é num procedimento prescritivo, isto é, sobre o que se deve ou não fazer para se atingir a meta desejada. A partir da discussão de uma esmerada bibliografia, que leva em conta estudos históricos, antropológicos, sociológicos e também fontes filosóficas das tradições ocidentais, Vera Alves vai apresentando os caminhos seguidos por essa literatura e sua ênfase no amor e na conjugalidade. Ainda que observando que a lógica contemporânea do mercado está subjacente aos conselhos aqui ministrados, mostra como ela ainda se prende a uma lógica historicamente anterior, isto é, que definia as relações entre os parceiros a partir de uma concepção da divisão clássica entre papéis masculinos e papéis femininos. (do Prefácio de Mariza Corrêa.