O multiculturalismo não é apenas uma ideia vaga de que a convivência pacífica entre distintos modos de vida num determinado estado/nação é um objetivo, em si, positivo, mas uma política governamental distintiva, através da qual diferenças culturais muitas vezes reificadas são celebradas através de políticas de representação e distribuição de recursos materiais e simbólicos. Mas, como nos ensina Lorenzo Macagno, o multiculturalismo aparece como um terreno pantanoso e movediço: aquele por onde transitam as peripécias sempre imprevisíveis das imaginações étnicas e nacionais. Sejam quais forem as questões abordadas a gênese do racismo e o combate a ele, as cotas raciais e a celebração da história da África no Brasil, a suposta excepcionalidade do império português, a guerra ao terror ou, finalmente (e onde toda peripécia de Macagno começou) o multiculturalismo na África o autor nos traz uma análise complexa e multifacetada, mas sempre clara e límpida.