A posteridade consagrou José de Alencar como o mais brasileiro dos nossos escritores românticos, o mais empenhado em dotar o país de uma nacionalidade literária. Este livro vem demonstrar que o autor de Iracema dedicou-se também com igual diligência à criação do teatro nacional. Com base numa pesquisa minuciosa, realizada em jornais e revistas do século XIX e em arquivos, João Roberto Faria reconstitui a carreira de dramaturgo de Alencar, pondo em relevo seus sucessos e fracassos, bem como suas rumorosas polêmicas travadas com a polícia, com os críticos, com o Conservatório Dramático e até com um empresário teatral. José de Alencar e o Teatro, além de preencher uma lacuna deixada pelos biógrafos do escritor, é também um estudo crítico das peças de Alencar, apreendidas nas circunstâncias histórico-sociais e culturais em que foram escritas e encenadas, como afirma o autor. Isso não significa, no entanto, repulsa aos processos de estruturação interna da peças. Elas são analisadas como fato estético, ao mesmo tempo em que são estabelecidas as ralações que mantêm com a organização social do país — notadamente a partir de 1850 — e com a própria situação do teatro brasileiro, na época desenvolvendo-se à sombra e sob a influência do teatro francês.