A consciência da efemeridade humana leva a que a imagem da morte se instale, com natural insistência, nas preocupações e anseios da humanidade. Essa realidade incontornável e de aplicação universal tanto pode estimular sentimentos de pessimismo acentuado, que encontram o seu contraponto no apelo a colher ao máximo cada bago do dia que se esvai, como pode também estimular reflexões sobre a melhor forma de alcançar uma vida capaz de vencer a morte: seja pela fama de feitos bélicos gloriosos, seja pela grandeza artística, seja ainda concebendo uma existência em outra dimensão, uma vida no Além. Apesar de a reflexão sobre a morte e sobre as hipóteses de existência para além dela ser um traço comum às diferentes culturas, precisamente por ser inerente à própria natureza humana, encontrou, ainda assim, na cultura grega antiga, um fertilíssimo campo de expressão. A literatura, a religião, a filosofia, as artes - todos estes domínios de atuação humana espelham, com variegados matizes, esta mesma preocupação transversal, de forma dinâmica e indagadora.É esse universo de símbolos e de valores, tão complexo quanto fascinante, que o livro de Leandro Mendonça Barbosa explora, abrindo caminho por entre figuras extraordinárias e cenários umbrosos, através dos quais se desvela este imaginário denso de significado alegórico e de ressonâncias iniciáticas. Nele encontrará o leitor múltiplos motivos de interesse e de indagação histórica e pessoal.