Período tumultuado da história brasileira, o começo da fase republicana em geral é enfocado pelo prisma das elites, consideradas as únicas protagonistas de eventos a que o povo teria assistido bestializado, segundo expressão cunhada à época por Aristides Lobo. Se é verdade que a participação popular foi modesta, e exagerá-la nos levaria à compreensão distorcida, por outro lado não procede o argumento de que personagens estranhos à elite estiveram ausentes daqueles embates políticos. Antonio Carlos Figueiredo combinou, de maneira criativa, a metodologia da História dos conceitos, de Reinhart Koselleck, e a perspectiva da cultura política, construindo modelo de análise adequado ao estudo dos valores e crenças formadoras do universo mental dos jacobinos. Ele se baseou em competente pesquisa da literatura especializada sobre o tema, o que permite perceber o jacobinismo brasileiro em suas afinidades com movimentos congêneres europeus, embora ressalvadas as especificidades das cores nacionais. Merece destaque também a pesquisa cuidadosa de fontes primárias, principalmente em jornais publicados pelos militantes do movimento, com os quais percebe, e nos mostra, as atividades republicanas e jacobinas na Ouro Preto da última década do século XIX. Agregue-se a isso que o texto é escrito com apuro e elegância e temos a receita completa de um bom trabalho de historiador. Prof. Dr Rodrigo Patto Sá Motta / Deptoº História UFMG.