O amor sempre foi, e ainda é, um tema central para a literatura, inclusive em sua ausência. Aproximando dois textos e dois autores aparentemente distantes - Lavoura Arcaica de Raduan Nassar e O Esplendor de Portugal de Antonio Lobo Antunes - Maria Salete neles recolhe as marcas das experiências vividas pelos sujeitos contemporâneos: as perdas afetivas, a solidão, o exílio e o desejo de reencontro com o outro. A autora vale-se do conceito de cronotopo familiar desenvolvido por Bakhtin para analisar a família como núcleo temático: em ambos os autores analisados, a representação dos desamores na família aparece como tendência, o que a leva a ressaltar sua contemporaneidade como tema literário. Apontando a fragilização das relações humanas no mundo familiar, investiga a problemática amorosa como um processo recorrente e representativo de uma tendência no mundo contemporâneo, em busca de novos significados para os laços familiares e afetivos.