Meu bem, não temos diante dos olhos apenas o blackbird e o assum preto de Poe, Beatles ou Belchior, não. Nas nossas palmas, na nossa cama, em nossas almas, além de sangue, suor, cruzes, espinhos e cervejas, o desejo de liberdade orientado e consciente ocupa toda a área daquilo que sempre podemos usar para nos defender. Porque o meu desejo é duro, forte, firme, teso. E meu coração, cuidado, é frágil. Porque meu corpo é franco, baby, e às vezes me canso de ser homem. Aqui não tem reconciliação. Aqui, se o mercado não nos ama, gozar e gozar e gozar. Aqui o verbo é livre, mas há sempre uma bala surpresa. Aqui meu nome é pecado. Aqui, entre efeito de mil sonhos desfeitos, solidão tem sexo e cor. Aqui eu não sou perigoso. Aqui, não se iluda, quando se canta e dança e grita e noite, viver é um grande delírio. Aqui até aqui a poesia nos ajudou. Querido, segure firme e se prepare para o brilho.