A preocupação com a verossimilhança e a crônica é nítida e assumida pelos romancistas brasileiros do século XIX. Dos românticos aos pré-modernistas, a nossa literatura de ficção revelou-se também uma crônica social elaborada com intenção crítico-pedagógica, de caráter renovador, conservador ou reacionário. Encontramos, nos textos literários, uma farta descrição de hábitos, costumes e práticas sociais, assim como a expressão, direta ou indireta, das concepções e valores vigentes à época, tanto entre as nossas elites, como entre as camadas populares, segundo a elite de literatos que as retrata. A contribuição particular da literatura como fonte de pesquisa da história da educação brasileira encontra-se nas informações que fornece sobre as concepções educacionais, as expectativas sociais em relação à escolaridade, no seu confronto com os resultados obtidos, e as práticas educacionais vigentes. O trabalho realizado extrai e organiza essas informações para, por meio delas, rever, ampliar e sustentar as leituras históricas que vimos produzindo nas últimas décadas sobre a educação na sociedade brasileira.