O poeta Donizete Galvão gostou tanto dos mitos dos índios do povo Gavião-Ikolen, de Rondônia, que se inspirou em um dos relatos, "O sapo Tsüb", para escrever esse livrinho. Em sua infância, ele ouvia em Minas um conto popular muito parecido, e a semelhança chamou-lhe a atenção. A ideia principal, espantosa, é dos índios: um sapo que passa a ser extensão de um corpo humano, pelo menos durante uma estação do ano. Mas o livro de Donizete é uma fantasia própria, sua criação, não é uma narrativa indígena, nem quanto ao conteúdo nem quanto ao estilo.Quanto ao sapo-parasita, é um mito apenas entre as dezenas dos que compõem o livro dos Gavião-Ikolen, "Couro dos espíritos", transmitidos só pela fala há gerações, e agora finalmente escritos pela primeira vez em português. São a tradição de um povo, que há de inspirar muitos escritores, com o impacto de imagens inauditas.Ao se apaixonar pelo sapo, Donizete homenageou os Ikolen, usando nomes de seus personagens e autores (como Piapá, um caçador mítico, Ai-Ai, um sapo, e Sebirop, um erudito e líder) e trouxe-os mais para perto dos leitores, que certamente vão ficar com vontade de ler o livro deles. Quem sabe os leitores Ikolen, que hoje são fluentes na língua portuguesa, queiram escrever ficção - talvez com trechos de poemas de Donizete, e personagens que tenham nomes de pessoas da vida do poeta.