Mulheres violentadas na vida e no cárcere. O peso do patriarcado e da desigualdade de gênero acompanha mulheres ao longo da vida. No cárcere, um ingrediente potencializador da violência sofrida faz-se presente: o rompimento de padrões sociais impostos. Esse fator, somado ao estigma de delinquente e ao confinamento espacial, gera um empobrecimento existencial, excluindo e provocando uma hipervulnerabilidade . Triplamente punido, o feminino encarcerado colhe o gosto amargo do abandono e das dores dilacerantes do cárcere. Penas desumanas e cruéis não são permitidas no ordenamento jurídico brasileiro, mas a violência estatal se impõe à dignidade humana e comanda o monopólio da violência quando prende mulheres em prisões feitas para homens, quando inviabiliza e/ou dificulta as visitas no cárcere, quando nega produtos básicos de higiene íntima, aliás, a pobreza menstrual vai além de escassez de produtos íntimos da mulher, que afeta diretamente os direitos humanos.