Hoje em dia, um dos grandes lugares-comuns do discurso sábio reside no anúncio reiterado de que o mundo sofre mudanças. É quase uma obsessão, um leitmotiv estonteante que proclama que as sociedades desenvolvidas implodem, perdem os seus pontos de referência tradicionais, repudiam as suas ideologias e liquidam os seus valores ancestrais. O diagnóstico tem os seus fundamentos. Doravante, temos que tentar compreender. Aproximar-nos o mais possível dos fenómenos que, cada dia, induzem a lógica de uma pulverização do corpo social. Interpretar o mais justamente possível os movimentos de reivindicações étnicas, o ressurgimento brutal dos fanatismos religiosos, a proclamação radical das especificidades culturais, bem como o reagrupamento dos indivíduos no âmbito das microssociedades onde predomina a relação afectiva. A Transfiguração do Político dá início a este trabalho e empreende a análise daquilo a que convém chamar a cultura do sentimento, cuja vivacidade das emoções e o desejo do inútil são os dois componentes essenciais. Desta forma, inaugura uma leitura estimulante do espaço de vida e de pensamentos novos que estruturam daqui em diante a sociabilidade pós?moderna. Genealogia do político, exploração de um social mutante: Michel Maffesoli define aqui algumas destas figuras singulares do presente, para que nos possamos orientar. MICHEL MAFFESOLI é professor na Sorbonne e dirige o Centre d étude sur l Actuel et le Quotidien (Paris V) e o Centre de recherche su l Imaginaire (MSR). É redactor-chefe da revista Sociétés.