Neste livro, uma interpretação sobre os caminhos rumo à liberdade jurídica na cidade de Taubaté, a partir da vigência da Lei de 1871, a autora busca compreender a construção da liberdade realizada por escravos e escravas após 1871, tarefa que se estendeu, em alguns casos, para além de 1888, ocasião em que, com o advento do 13 de maio, alguns ex-senhores buscaram tutelar ex-ingênuos e mantê-los sob sua guarda. Nessa busca, foram desvendados focos de tensão ainda existentes entre recém-libertos e seus antigos senhores, que ultrapassaram o 13 de maio. Através das brechas permitidas pela Legislação de 1871, relapsa em relação ao ingênuo, ex-senhores de Taubaté, amparados pelo Judiciário, buscaram tutelar os filhos de suas escravas libertas, crianças e jovens que, da condição de ingênuos, foram lançados à condição de "órfãos" desamparados. Ao serem tutelados, tais menores eram encaminhados ao serviço doméstico ou ao trabalho na lavoura. A exploração do trabalho do menor, do ingênuo e do órfão desvalido, filhos de libertas e mulheres solteiras pobres foi amplamente difundido entre muitos fazendeiros e membros da elite no final da escravidão. Mais uma vez, libertos e libertas lutaram na justiça, ou fora dela, para reagrupar suas famílias e ter seus filhos de volta. Através das Ações de Tutela verificou-se o empenho das mães libertas ao pleitearem pela guarda de seus filhos, fosse através da justiça ou através das fugas empreendidas pelos jovens tutelados.