O legado político de Victor Hugo Michel Winock traça com precisão um relato conciso de uma das maiores ntelectuais de todos os tempos Católico e monarquista, poeta do partido ultra aos 20 anos de idade, Victor Hugo morreu republicano. Assim resumido, o trajeto político do grande homem poderia ser reduzido a uma reviravolta um tanto forçada, uma adaptação ao fluxo da história, como tantas outras menos gloriosas. Mas como, então, explicar a aura daquele que se tornou um símbolo, um arauto da República, o defensor dos oprimidos, o profeta da humanidade? Em Victor Hugo na arena política, Michel Winock refaz esse percurso unindo acontecimentos pessoais e reviravoltas nacionais, engajamentos literários a lutas políticas. As diferentes ações de Victor Hugo se revelam, dessa maneira, pontos de referência que explicam sua guinada: a pena de morte, os Três Gloriosos Dias (da Revolução de 1830), a defesa do povo polonês, a liberdade de imprensa, os combates contra a miséria e pela escolaridade primária... Convencido da dimensão de seu destino e importância, Victor Hugo sofreu golpes terríveis na vida pessoal. Nem o isolamento do exílio o afastou da cena pública, e ele, inquestionavelmente, influenciou, com sua presença imponente, não só a França, mas todo o mundo ocidental, ao longo do século 19. Winock nos apresenta uma vida política em que o combate se travou tanto no terreno literário quanto no chão parisiense, onde a luta imediata, definida ao fio dos acontecimento, tornou possíveis todas as mudanças. Ao contrário de ter se adaptado às situações políticas, Victor Hugo lutou. Não houve moderação nesse engajamento e, menos ainda, cálculo. E talvez tenha sido esse o seu legado político, que se mantém como exemplo para os dias de hoje.