Uma das principais características que marca a produção itelectual de Carlos Nelson Coutinho é a vinculação de suas reflexões teóricas (a crítica filosófica e literária) e a análise histórico-política (especialmente da formação social brasileira) às lutas sociais do povo brasileiro. Essa vinculação é também marcante em Cultura e sociedade no Brasil, uma reunião de diversos ensaios, escritos ao longo de mais de 40 anos - o primeiro deles data de 1965 e o mais recente é de 2006. São vários os aspectos que trazem unidade a este livro: a perspectiva marxista adotada na análise dos diferentes temas; a preocupação em compreender os diferentes aspectos da dinâmica da formação social brasileira, e seus reflexos tanto na cultura - através do trato de romancistas brasileiros e também do papel intelectual em uma sociedade como a brasileira - quanto na análise política, ao traçar reflexões sobre três importantes intérpretes marxistas da realidade brasileira. A compreensão de que forma e conteúdo constituem uma unidade, assim com o de que a sociedade deve ser sempre analisada a partir do ponto de vista da totalidade é algo presente ao longo de todo o livro. Nesse sentido, pode-se perceber a marcada influência de dois pensadores marxistas: György Lukács e Antonio Gramsci, "que nos ensinam a ver nas formas e nas ideias algo mais do que as leis da escrita ou a coerência do discurso: formas e ideias são também expressão condensada de constelações sociais, meios privilegiados de reproduzir espiritualmente as contradições reais e, ao mesmo tempo, de propor um modo novo de enfrentá-las e superá-las.