Thomas S. Khun parte do seguinte pressuposto: perante a multiplicidade das observações, dispomos de um esquema conceptual (predominante entre outros alternativos), com funções lógicas e psicológicas: fornece resumos ordenados e fomenta a acumulação de informação sobre a natureza, orienta a investigação, é instrumento poderoso para predizer e explorar o desconhecido. Mas, porque a observação nunca é absolutamente compatível coma a teoria (e com as crenças que a sustentam), surgem por vezes alterações radicais e dramáticas no conhecimento. Assim sucedeu com a Revolução Copernicana.Preparada de certo modo no ambiente da escolástica (João Buridano, Nicolau Oresme, etc.), imbuída de neoplatonismo, foi arquitetada por Copérnico para substituir o antigo universo de duas esferas e reformar os conceitos fundamentais da astronomia. Thomas S. Khun faz uma anatomia admirável do que nela se passou (nos seus aspetos inseparáveis: astronómico, científico e filosófico). Explora ainda as suas consequências extracientíficas (no campo dos valores, das ações práticas e espirituais) e delineia o remate da Revolução Copernicana por Newton.