Nas palavras de Priscila Branco, que assina o prefácio do novo livro de Milena Martins Moura, [em] O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, o único milagre possível é o ato poético []: ‘Eu estou escrevendo / Isso é um milagre’ Exercício de subversão, Milena Martins Moura faz o cordeiro símbolo da castidade sentar à mesa com os pecados. E gozar da companhia um do outro, de corpo inteiro no indevido. Para a professora Paula Glenadel da Universidade Federal Fluminense (UFF), Milena assume para si uma voz incomum entre sua geração, tratando de temas bíblicos, ou dos mistérios gregos. Neste O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, a opressão é esmagada e as palavras são desnudadas sem culpa, como aponta Anna Clara de Vitto na orelha. A Eva de Milena é serpente e desfrute e vai lambendo o caminho desviado, dando atos de sujeito à primeira mulher. Em certo momento, Eva afirma: estou nua e disso não me envergonho.