Cioso da preservação da autonomia da Razão no campo do Entendimento, o século XVIII é, entretanto, muita vez associado quer os desfrutes galantes e rebuscados da sociedade cortesã, quês à obstinação no anseio pela consolidação de um quadro enciclopédico dos saberes. Contrastando tais visões redutoras, este livro apresenta as doutrinas arquitetônicas de um tempo raciocinante, mas também emocionado, que se empenha em reavaliar sem receios ou reservas o espólio preceptístico legado pelas tradições retórico-poéticas inauguradas nos discursos aristotélicos. Desde as querelas artísticas e fins o século XVII, em momento algum autores ilustrados abdicam da precedência da comoção no âmbito das Artes. A disputa entre partidários de antigos e de modernos propicia o estabelecimento de uma reflexão que perquire quanto à autoridade nas Artes, ao juízo de gosto, ao valor da imaginação, aos alcances da intuição e aos modos cognitivos defluentes da estesia que se estende por todo o século das Luzes. Antes que as insurgências dos romantismos venham a empolgar o lábaro a abolição de normas e gêneros artísticos, savants esclarecidos cuidam de ponderar o âmbito e as especificidades dos sentidos e de cada faculdade do Entendimento e de demarcar as fronteiras próprias das Artes, das técnicas e das Ciências. Em meados do século uma reação antibarroca avoca os primórdios da Arte edilícia para auscultar na gênese a evocação regeneradora para a Arquitetura.Descortina-se, desse modo, um horizonte no qual os arquitetos ditos revolucionários assentam suas expectativas de estabelecer uma renovada disciplinaridade arquitetônica que repercutem até manifestos e programas de movimentos vanguardeiros de inícios do século XX.