Malditos paulistas, como grande parte da obra de Marcos Rey, se desenrola em São Paulo, cidade que ele amava e da qual conhecia ate os alçapões e buracos dos ratos. Sobretudo, dos ratos humanos, aqueles que fazem da malandragem e da esperteza - no sentido brasileiro e malicioso da palavra - um meio de sobrevivência e, por vezes, de enriquecimento.A diferença do romance em relação aos demais e que o herói deste livro (se e que existem heróis na obra de Marcos Rey) e um carioca perdido na Pauliceia, onde fora tentar a vida depois de inúmeros fracassos. E ele quem narra suas aventuras, venturas e desventuras paulistanas. Com seu habitual cinismo e humor corrosivo, Marcos Rey mistura em doses precisas o picaresco e o policial para embalar o leitor numa historia repleta de peripécias e de suspense, mas que não deixa de ser também um romance de costumes, um corte transversal nos diversos segmentos sociais da capital paulista.Empregado como motorista na casa do milionário Paleardi, Raul, o Carioca, descobre na garagem da casa do patrão um boneco parecido com a Carmen Miranda que, sabe?se lá por qual razão, aguça seu senso de Sherlock. A partir desse fato prosaico, a ação se acelera: o narrador se torna amante da patroa, para logo ser desprezado, e acusado de furto de joias, conhece a prisão, retorna ao emprego, conhece um novo amor, e expulso novamente da mansão, descobre a joia que fora acusado de roubar, recupera o bom nome e desvenda o mistério da fortuna do patrão.Como em toda a sua obra, Marcos Rey expõe aqui a sua desilusão, mas também a sua tolerância, com o ser humano, egoísta e interesseiro, acionado pelos mecanismos do sexo e da ambição, num mundo dissoluto e maldito. Malditos humanos!É de dentro do carro dirigido por Raul que iremos atravessar a cidade de São Paulo, observando a paisagem pela janela. E é por meio das observações desse motorista que Marcos Rey constrói este romance fantástico, repleto de personagens imprevisíveis (uma infinidade de tipos do submundo paulistano), com doses de humor e mistério.É de dentro do carro dirigido por Raul que iremos atravessar a cidade de São Paulo, observando a paisagem pela janela. E é por meio das observações desse motorista que Marcos Rey constrói este romance fantástico, repleto de personagens imprevisíveis (uma infinidade de tipos do submundo paulistano), com doses de humor e mistério.