Uma estória pensada nos termos de um Mano Brown e contada por Guimarães Rosa. Isso é Gambé. Houve um tempo em que a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), atendia pelo nome de “Batalhão de Caçadores Tobias de Aguiar”. Não eram animais o que caçavam. Gambé integra essa corporação, é nosso homem na estrada. Seu destacamento aterrorizava os sertões de São Paulo na virada para o século XX, tempo vivo do pós-abolição e de invenção da República. Ordem e progresso eram o lema. Modernidade. A função na polícia nesse arranjo era simples: manter o povo manso e longe de rebeldias. Homens armados e em uniforme, inflados em seus egos — e testículos — pela miragem de serem detentores do monopólio legítimo da violência. O risco de liberação de sadismos é enorme. É que trazem consigo suas dores e desejos, suas frustrações e inseguranças, seus machos temores. Tudo com a mão no coldre. Gambé não nasceu pra isso.