É como se este livro nos tornasse ainda mais conscientes sobre a existência de uma grande alma cuíer compartilhada, na qual a impossibilidade de ser e a dor repercutem de forma igualitária. Foi o entendimento que tive, de maneira quase intuitiva, assim que tive contato com esta primeira compilação de poesia escrita por Aramyz. Todo dia é assim é uma obra sobre todas as portas que encontramos fechadas, antes e depois de sairmos do armário. Sobre aquela zona sustentada pelo desconforto e preenchida por todos os nãos que se encontram à nossa espreita. Cruzes nas paredes, cruzes aos pés, coração sangrante. Definitivamente, não há término para a empreitada aqui iniciada. De poema em poema, avançamos em um caminhar circular, episódico, constante, espasmódico. Do qual não há escapatória. Assim como o são os recortes da vida e da morte pelo autor retratados, aos quais reconhecemos e nos quais identificamos notícias já lidas, vozes ouvidas, rostos, situações: memórias individuais,(...)