Situar a questão penal contemporânea é tarefa das mais difíceis. Isso ocorre pelos paradoxos e contradições inerentes a ela - clamamos por segurança, mas nossos presídios estão lotados; vivemos no país da ´impunidade´, mas nossos presídios estão lota dos; o sistema não ´recupera ninguém´, mas nossos presídios estão lotados. São tempos difíceis estes nos quais o controle penal parece invariavelmente sufocar a liberdade. Poder ser livre é privilégio de poucos, e a liberdade do outro não interessa a muitos. Por essas razões, cada um dos temas aqui abordados constitui potencial fratura das ameaças à liberdade na sociedade de controle - adolescentes infratores, capitalismo e controle penal, a justiça como questão fundamental nas práticas punitiva s, terrorismo e papel da regulação punitiva, as promessas do minimalismo penal. Da crise nasceram os textos presentes nesta coletânea. Reunimos, através do eixo ´fraturas do sistema penal´, aqueles pesquisadores que, em sua área, apresentam escritos contundentes de questionamento à lógica punitiva. Formamos um mosaico de diferentes orientações teóricas, porém todas tendo o mal-estar com a punição como eixo comum.