Em Tocata e Fuga, Luís Dill apresenta onze contos policiais aparentemente independentes uns dos outros. Contudo, eles podem ser interpretados como onze capítulos de uma trama entrelaçada pelo crime, com sutilezas e características próprias, sem render-se às caricaturas. Assassinos, cidadãos pacatos, torturadores, comerciantes, drogados e sádicos se encontram em meio à violência de uma narrativa da qual poucos - personagens ou leitores - sairão ilesos. O livro introduz a trama por meio de "Quieto como a noite", um conto que se apresenta como a primeira peça de um quebra-cabeça onde a imagem a ser formada é a realidade do Brasil contemporâneo. Em seguida, o leitor se depara com um registro "anônimo" sobre a postura de dois policiais quando não conseguem o que querem de um suspeito, feito por um "Cinegrafista amador". A trilha sonora que o título promete fica por conta do leitor, pois a tensa velocidade com que tudo acontece não perdoa distrações dos personagens. Johann Sebastian Bach imaginava a música como veículo para elevar a alma. Mas, aqui, a Tocata e Fuga, do célebre compositor alemão não é ouvida. O CD no qual está a peça serve apenas como plataforma de carreiras de cocaína. Uma leitura repleta de ação cinematográfica, um suspense que incomoda por meio de uma crueldade inquietante, uma narrativa que rivaliza com mestres da literatura brasileira como Rubem Fonseca e Marçal Aquino.