Seu pai era pastor vinculado à Igreja Presbiteriana da Escócia, que, por sua vez, mantinha estreita relação com a Igreja Reformada da Holanda, o que foi importante para impressionar Murray com o fervoroso espírito cristão holandês. Andrew experimentou o novo nascimento aos 16 anos, na Holanda. Após isso, dedicou muito tempo, muitas madrugadas, a orar por um avivamento em seu país e a ler sobre experiências desse tipo ocorridas em outros países. Foi para a Inglaterra com 10 anos e quando retornou para a África do Sul, atuando no ministério pastoral e evangelístico, levou consigo um reavivamento que abalou o país. Seu ministério enfatizava especialmente a necessidade de os cristãos habitarem em Cristo. Isso foi despertado especialmente quando, ao voltar para a África, deparou-se com a grande extensão geográfica em que deveria ministrar. Aí começou a sentir necessidade de uma vida cristã mais profunda. Murray aprendeu suas mais preciosas lições espirituais por meio da escola do sofrimento, principalmente após uma séria enfermidade. Sua filha testificou que, após essa doença, seu pai manifestava constante ternura, serena benevolência e pensamento altruísta. Essa foi uma expressão de sua fé simples em Cristo e a Ele rendida. Seu ministério, pela influência recebida do pai, foi caracterizado por profunda e ardente espiritualidade e por ação social. Em 1877, viajou pela primeira vez aos Estados Unidos e participou de muitas conferências nos EUA e na Europa. Sua teologia era conservadora e se opunha francamente ao liberalismo. Em seus livros, enfatizou a consagração integral e absoluta a Deus, a oração e a santidade. Durante os últimos 28 anos de sua vida, foi considerado o pai do Movimento Keswick da África do Sul. Muito dos aspectos místicos de sua obra deve-se à influência de William Law. Murray, assim como Law, Madame Guyon, Jessie Penn-Lewis e T. Austin-Sparks, conheceu o Senhor de forma profunda e se tornou um dos mais proeminentes no movimento da vida interior. O Espírito de Cristo, universalmente reconhecido como um clássico da literatura cristã e, provavelmente, a obra-prima de Andrew Murray, responde a essa pergunta. Sua grande contribuição é ter alcançado, de maneira prática e acessível ao mais simples leitor, um equilíbrio perfeito entre os fundamentos centrais da teologia bíblica - especialmente sobre a Trindade e a Cristologia - e a experiência cristã em relação à Pessoa e à obra do Espírito Santo, como o Espírito que habita e opera no homem. Devemos reconhecer que o Espírito Santo não é plenamente percebido na Igreja - o Corpo de Cristo - como Ele deveria ser. Em nossa pregação e em nossa prática. Ele não ocupa a posição de preeminência que tem no plano de Deus. Enquanto nossa crença no Espírito Santo for apenas ortodoxa e escritural, Sua presença e poder na vida dos cristãos, no ministério da Palavra e no testemunho da Igreja nunca serão o que promete a Palavra ou o que foi planejado por Deus para Seus filhos. Ou como afirma Murray: "Tenho um forte temor - e digo isso com toda humildade - de que, na teologia de nossas igrejas, o ensinamento e a liderança do Espírito da Verdade, a unção que tão somente ensina todas as coisas, não sejam reconhecidos de maneira prática. (...) Acredito não ter sido presunçoso em esperar que aquilo que foi escrito neste livro possa ajudar a lembrar até mesmo nossos líderes espirituais daquilo que é facilmente negligenciado - o requisito indispensável para gerar fruto para a eternidade: estar cheio do poder do eterno Espírito."