Este livro analisa a relação de setores populares, mais especificamente as trabalhadoras domésticas, com mídia, consumo e beleza. A idéia é de lançar um olhar a partir da subalternidade para a cultura de consumo, especialmente o ligado à beleza, que compreende moda, corpo e estratégias de embelezamento em geral, e fazer sua relação com conteúdos midiáticos. A capacidade de abrangência e de repetição faz com que a mídia possa ser considerada como um importante mediador entre as pessoas e o mundo, se tornando um construtor e reprodutor de sentidos, que vão atravessar os processos de subjetivação e constituição inclusive dos gostos dos indivíduos. Para se averiguar esta mediação, foram entrevistadas 31 trabalhadoras domésticas, investigando quais os seus conceitos de beleza, e qual a programação midiática mais consumida por elas. Ambos os discursos foram relacionados com o objetivo de se entender se há um padrão de beleza veiculado pela mídia, como as profissionais o percebem, e quais são as estratégias para se adequar ou não a ele. Parte-se do pressuposto de que as trabalhadoras domésticas podem se relacionar com esses conteúdos de várias formas - se apropriando deles, negociando com eles, e também os negando. Isso porque entende-se que os setores populares estão em constante relação com os conteúdos hegemônicos, e, portanto, são interlocutores e co-participantes nas forças que constroem diariamente a cultura.