Este livro compila o melhor da notável poesia de Álvares de Azevedo, o maior representante brasileiro do chamado Mal-do-século. Por volta de 1850 começa a surgir nos meios universitários de São Paulo e Rio de Janeiro novos grupos de poetas, responsáveis pela segunda geração da poesia romântica no Brasil, conhecida como Ultra-Romantismo. Inspirados principalmente em grandes escritores europeus como Lord Byron e Alfred de Musset, esses jovens egocêntricos e desinteressados da vida político-social vivem sem perspectivas, entre os estudos, a libertinagem, e as horas de ócio, sempre à espera da morte (ou correndo em direção a ela). A revolta contra os valores vigentes faz com que a produção literária dessa época crie uma onda de pessimismo doentio diante do mundo, que manifesta-se no apego aos ambientes sombrios e decadentes, no vício, e na autodestruição por meio do álcool, do ópio, e de outras drogas. Acentuam dessa forma traços como o subjetivismo e o sentimentalismo, sondando as regiões desoladas da mente humana. Nesse cenário conturbado é que viveu um dos maiores representantes do Romantismo no Brasil. Especialista em quebrar moldes, talvez tenha sido o primeiro poeta brasileiro a incorporar o sarcasmo e a ironia em seus versos. Também inovou ao incorporar elementos do cotidiano e, assim, anunciou o que seria mais uma das constantes do Modernismo. Ora puro e casto, carinhoso e dedicado à mãe e à irmã, ora retratado perverso como algum de seus personagens, Álvares de Azevedo é sempre motivo de controvérsia e nos deixou uma obra de intensidade incrível, escrita no período de apenas quatro anos.