Minha primeira lembrança de infância é uma briga com meu irmão para enrolar a lã que minha mãe desmanchava de alguma blusa, para depois tricotar uma outra coisa. Era a noite que ela produzia aquilo que suas irmãs também produziam, que sua mãe também produzia, que sua nona produziu e as irmãs e mães da nona produziram. A partir das tessituras delicadas do artesanato fica a marca da fortaleza das mulheres que me inspiram a produzir esse livroinstalação. Nele há passagem, passeio, passado, repetição, revisão, reverberação, inadequação, insistência, inquietude. É um produto científico e artístico de um processo indizível. Provoca um desgaste na linha tecida pelas moiras ou é um ponto desvirtuado no destino. Através da infamiliaridade entre Turismo, Análise do Discurso, Arte, Psicanálise e Deficiência encaixo uma leitura social que costura a mim e faz cicatriz no outro quando interpelado, que não consegue desver, nem desler a (des)rota.