Falar de leitura num país que tem ainda hoje, milhões de analfabetos é, no mínimo, um imperativo. A possibilidade de leitura pode estar, no entanto, inscrita num universo que se deixa entrever para além do texto escrito, ao alcance mesmo daqueles que não aprenderam a articular o alfabeto. A ideia de leitura com a qual os organizadores deste livro se comprometeram de forma intensa e apaixonada não se reduz à decifração de uma sintaxe alfabética encerrada e aprisionada nos limites léxicos de um texto escrito. Muito mais do que isto, ler é inventar e reinventar o mundo, é tecer as diferentes manifestações culturais que jorram das pessoas comuns, não letradas, não inseridas na comunidade intelectual e construir com elas suas várias interpretações de mundo.