Dudu vivia feliz na rua poeirenta, cheia de buracos e altos capins às margens, porém, a melhor do mundo, o palco de suas aventuras infantis. Nas chuvas, divertia-se com a meninada, a troco de tostões, a desencalhar os calhambeques atolados nas barrentas poças da rua. Bem perto, rios e açudes para mergulhos e pescarias a qualquer hora, improvisados campinhos para as peladas de fins de semana e os pomares do major Zerbini e do português Pallos, com as árvores frutíferas sempre carregadas, uma tentação e convite ao furto. Havia na Rua Taboão mais que o necessário para um moleque sadio e levado viver sem dinheiro uma infância invejável e feliz, sem passado nem futuro. E tudo, tudo, de graça. Um dia, porém, em idade já distante da meninice e sempre ligado à rua, Dudu sentiu a necessidade de melhorar um pouco de vida.