Tudo se reduz a pó, mas o pó é também um tipo de véu que a tudo envolve. Design é tudo isso. De um lado, estamos esteticamente inseridos no mundo, isto é, desde sempre enredados em mediações, ficções e convenções. De outro, o mundo é aparência de mundo, uma imagem casual não interpretável, mas que pode ser significada e interpretada ao ser articulada com outras imagens, algum véu a mediar os sentidos, alguma forma a ser ritualizada. A um só tempo, somos seres forjados para e pelo design. O objetivo deste livro é propor um aporte teórico-filosófico vale dizer, uma filosofia do design que possa, de um lado, dimensionar a dinâmica dos processos simbólicos mediados pelo design e, de outro, situar a experiência estética articulada por esses processos. Os instrumentos de orientação utilizados foram as obras de Nietzsche, Clément Rosset, Paul Ricoeur, Rogério de Almeida e Mario Perniola, entre outros autores, além de obras literárias e cinematográficas, convocadasa ilustrar a noção de hermenêutica trágica, inaugurada neste trabalho. Tais instrumentos foram operados metodologicamente por meio de revisão bibliográfica (modalidade básica de pesquisa), guiando-se pela hermenêutica simbólica (Ricoeur). A discussão delineada em três capítulos (Filosofia do design, Filosofia trágica e Hermenêutica trágica) visa apresentar, no quarto capítulo (esign como articulação simbólica), aspectos de uma articulação simbólica operada pelo design e da qual se vale o olhar contemporâneo para compreender o mundo e para nele atuar.