A África está sendo redescoberta. Nada que entusiasme muito. Mas se pescam aqui e ali sinais alentadores de que algum dia talvez possamos superar uma das maiores deformações dos estudos sobre a escravidão brasileira: o silêncio acerca de sua face africana.A erudição de Alberto da Costa e Silva nos tem alimentado com o que de mais atualizado há sobre a história da África antes e depois de 1500. Já podemos adquirir em nossa língua obras que produziram ganhos reais no conhecimento africanista, como os livros de Roland Oliver, de Claude Meillassoux e de Joseph Miller. Para não falar em artigos seminais, escritos por estudiosos do porte de um David Eltis, de um Robin Law ou de um José Curto, traduzidos por algumas poucas revistas nacionais especializadas. Nesse movimento recente se insere o presente livro de Paul Lovejoy. Nascido nos Estados Unidos, mas há muito naturalizado canadense, sua formação africanista iniciou-se sob a égide de dois monstros sagrados que nos anos 60 revolucionaram a historiografia africanista: Philip Curtin e Jan Vansina.