Por isso, o casamento. Por isso, centenas de leis, promessas, amarras, justificativas. Que levam os amantes para um só lugar, o umbral dos corações, o nada. Toda pessoa que amou sabe o que é isso e suspira profundamente, tentando expelir este vazio pela boca. Mas já tem a alma como uma blusa de seda furada por um broche. Não há nada o que se fazer a respeito. Nada. Pois o vazio está tão presente quanto o oxigênio que os pulmões bombeiam. É o estado terminal alcançado pela desvalorização de um grande amor. Quando está morto feito um boneco suspenso por fios de náilon. E é deixado assim, com o cadáver à mostra, para que todos vejam. Permitindo e aguardando o final mais triste, quando a carniça tomba depois de ser mordida por centenas de urubus. A metáfora poderá parecer por demais exagerada, mas que seja. É essa a correta descrição de um amor carregado pela comodice. E, para ratificar a feiúra deste costume tão humano, pode-se comparar o fim do amor com uma feira, que começa cheia de flores e frutas perfumadas e termina com lama de restos de peixe a feder.