Esta obra propõe-se levar a cabo, mediante rigorosa análise textual dos Diálogos de Platão, a demonstração da tese formulada, desde fins da década de 1950, pela Escola de Tübingen (cujos representantes principais são H.-J. Krämer e Konrad Gaiser), segundo a qual é necessário pôr as doutrinas não-escritas (ágrapha dógmata) no centro da exegese filosófica da obra escrita de Platão para que, desses textos, possa emergir a primeira e mais audaz construção metafísica da filosofia ocidental. A tese dos mestres de Tübingen é apresentada por G. Reale como uma revolução científica (no sentido de Th. S. Kuhn) na historiografia filosófica do platonismo. Se pensarmos na posição arquetipal de Platão na história da filosofia ocidental, é toda a história da filosofia que passa a ser lida sob nova luz. A tese de Krämer e Gaiser introduz um novo paradigma hermenêutico a ser aplicado à leitura dos Diálogos, e esse paradigma tende a tornar obsoleto o paradigma até agora vigente, [...]