Conhecer na intimidade as Revoluções de 30 e 32, a participação da Força Expedicionária Brasileira na Itália, as tentativas de golpe de 45, a importante figura de Oswaldo Aranha, o suicídio de Getúlio Vargas, a eleição de Jânio Quadros a Legalidade de Brizola e o Ato Institucional de 68 é apenas um dos ingredientes que fazem de 0 Mestiço de São Borja, de Alcy Cheuiche, obra de leitura indispensável. É um romance que mantém o leitor sempre atento, pela variedade de ambientes em que se desenrola a ação. Ora vivemos a autenticidade da região da campanha gaúcha, ora estamos na culta e moderna Paris, ou sentindo na carne a violência da guerra em Monte Castelo. Mais um pouco, já nos divertimos nas praias do Rio de Janeiro, onde em seguida presenciamos in loco o ambiente perturbado do Catete, ouvindo 0 estampido da bala do suicídio de Getúlio Vargas. É nesses ambientes que se debatem as grandes questões brasileiras e mundiais, das quais o autor demonstra ter profundo conhecimento. São 50 anos de história viva oferecidos ao leitor num romance histórico vibrante e cheio de surpresas, surpresas essas que mantém sempre aceso o interesse em seguir celeremente na leitura. Do início ao fim, suspender a leitura é o único aspecto desagradável desta obra de Alcy Cheuiche. O índio e a ecologia sempre foram apaixonantes para este escritor gaúcho, reservando-lhe, por isso, o momento de maior emoção em O Mestiço de São Borja. Aliás, emoção, amor, fraternidade e ternura são os ingredientes que costuram o enredo e, acima de tudo, permitem que autor, personagens e leitores assimilem a carga de uma ação tão rápida e incessante dos acontecimentos que fizeram a história desse importante período vivido pela humanidade.