Neste livro, o ponto de partida é o caso clínico de uma paciente acometida por urticária, um fenômeno psicossomático, que não apresentava nenhuma causa orgânica para o seu aparecimento. Isso demonstra, muitas vezes, que os fenômenos do corpo ultrapassam o saber da medicina e coloca em evidência a psicanálise como um discurso que pode subverter o discurso médico na busca de respostas para os males de portadores destes fenômenos. O manejo da transferência nesta clínica apresenta uma operação analítica a partir do desejo do analista em sustentar a fala do paciente, circunscrita ao real do corpo, como uma via de possibilidade para que o sujeito do desejo possa comparecer. Considerando que estes pacientes apresentam dificuldade em alcançar a esfera subjetiva, podemos apontar a fixação de um gozo específico próprio à doença, pois os mesmos, ao sofrer, obtêm alguma satisfação do estado em que se encontram. Verifica-se a necessidade da sustentação desta fala na tentativa de possibilitar (...)