Existe uma casinha, no alto de uma montanha, feita para abrigar uma única pessoa. É ali que Roseana Murray se refugia por longos períodos de tempo para se esquecer do mundo e se lembrar dela mesma. É ali que ela faz adormecer os laços com a civilização para despertar, junto com o fogo que acende para preparar o café da manhã, sua sensibilidade mais acurada. Na montanha, os ruídos da natureza são tão fortes que calam um silêncio visceral no coração da poeta. Dentro dele ela escuta os ecos de sua ancestralidade, o rumor do fluxo sanguíneo em suas veias, o murmurar da seiva que escorre pelas árvores, os passos mais leves dos esquilos, o rufar da orquestra de asas que cortam o ar.