Essa perspectiva de pensar o tratamento como um processo através do qual tentamos, de forma sistemática, aumentar os fatores de proteção e reduzir os de risco aumenta as oportunidades, pela repetição dos acontecimentos e dos procedimentos, de ocorrer alguma situação que seja representada pelo paciente como um ponto de virada na sua trajetória. Alem disso, poderíamos usar como critério de importância o valor que podemos atribuir ao custo social de uma vida perdida pela exclusão. Quanto representa o fato de alguns adolescentes deixarem a carreira de criminalidade? Por menores que sejam os números de mortes evitadas, poderíamos atribuir um preço aos prejuízos sociais e comparar com os custos do tratamento? Em dois momentos, segundo o relato de Rômulo, no assalto e na briga com o amigo, ele estivera diante de situações que poderiam ter ocasionado a morte para alguém. Por mero acaso isso não aconteceu. Será que a melhor política é deixar esses adolescentes entregues à própria sorte, podendo matar ou morrer, e atribuirmos esses crimes ao acaso, indexando os acontecimentos aos índices de criminalidade e violência? Um serviço, isoladamente, pouco contribui, porém a constituição de uma metodologia capaz de integrar outros serviços pode representar uma modificação significativa no tratamento de adolescentes dependentes químicos, permitindo, ao mesmo tempo, a prevenção do uso de drogas e da violência.