Antes de conhecer Natânia em carne e osso, a conheci pela intensidade rasgada de sua escrita. Poderia dizer que a força de seu texto se apresentou antes, mas o que seria da existência de qualquer escrita sem a materialidade daquele ou daquela que lhe deu à luz? Com Cabaré, conhecemos a força de uma escrita que é também vontade de vida, de uma autora que transita com estilo, salto alto e vestido vermelho sobre os paralelepípedos da Lapa. Entre os passos exuberantes da puta e da escritora, nos perdemos deliciosamente nas curvas do tempo e nos segredos da história. Se um livro é como uma espécie de filho, posso dizer que tive o prazer de acompanhar de perto a gestação de Cabaré, desde suas esquivas às escuridões mais difusas, curtidas noites adentro, até que uma linha de fuga pudesse se anunciar. Como todo filho, este também ganhou corpo e voz a partir de um punhado embrionário de caos, gerador de uma combinação única de memórias e paisagens que nos aguçam a vontade de (...)