Vaca de nariz sutil, publicado originalmente em 1961, mantém o nonsense e a anarquia da obra anterior do autor, A lua vem da Ásia, sendo, porém, o texto mais sombrio de Campos de Carvalho. "Escrevi-o aos prantos", disse numa entrevista. O romance é narrado de forma alucinatória por um ex-combatente de guerra que não diz (ou esqueceu) o seu nome e não vê mais sentido na vida entre os homens. Abrigado numa pensão, passa seus dias a espiar por buracos de fechadura as patéticas existências alheias. O escritor Juva Batella afirma que "Campos de Carvalho zombou de tudo o que lhe pareceu estúpido e cruel, fazendo da vida de cada um de seus narradores, em cada um seus livros, um poema onde se pode ler, sem atenuantes, o absurdo. Vaca de nariz sutil ficará em nossa lembrança como um romance inteiramente dedicado a combater a loucura da guerra através do exercício obstinado da memória - a única companheira possível numa viagem cujo fim é a noite." Vaca de nariz sutil - nome tirado de um quadro do pintor francês Jean Dubuffet ("... assim se chamava o quadro, e em vão tenho eu procurado uma vaca assim entre as vacas e sobretudo os homens") - foi recentemente adaptado para o teatro pelo grupo Parlapatões.