Escritor consagrado na literatura mundial e jornalista de importantes publicações londrinas, como diário The Times e a revista The Spectator, Graham Greene escreveu, em sua maioria, histórias que sempre trazem o contexto político dos países em que morou depois da guerra. Traço característico do autor, seu interesse sempre foi pela Espanha e pela América Latina. Foi com uma explicação sobre esta observação consentida por um amigo que o britânico inicia a obra Um Lobo solitário, mais um volume de Greene lançado pela Biblioteca Azul. A resposta, um tanto investigada pelo próprio autor, mostra a paixão e seriedade com as quais enxergava os conflitos dos povos menos favorecidos. Foi pela América Latina que o autor dedicou anos anos de sua vida. Talvez a resposta esteja aqui: naqueles países raramente a política significou uma mera alternância entre partidos rivais. Tem sido uma questão de vida e morte. Em Um Lobo Solitário, aborda, pelas vias da não ficção, personagens e situações que fascinaram Greene durante as estadas no Panamá. O escritor voltou diversas vezes ao país a convite do ditador do Panamá, general Omar Torrijos, do qual se tornou grande amigo. Figura central do livro, Torrijos, homem complexo e contraditório, defendia o país contra as intervenções norte-americanas O Panamá havia sido separado à força da Colômbia e dividido pela Zona do Canal, sob controle estrangeiro. O livro, projeto do autor desde sua primeira visita ao país, em 1976, nasce da necessidade pessoal de Greene de fazer uma homenagem ao amigo, após sua morte trágica, em 1981, em um acidente de avião bastante suspeito. Com o usual humor, prosa impecável e humanismo, Greene faz um mergulho na realidade do Panamá e indica, mais uma vez aos leitores, a urgência do olhar à América Latina. Nos entrega mais uma amostra da genialidade de sua literatura,tantas vezes adaptada para o cinema.