Guerras, terror, imperialismo, intolerância, mentes fanáticas, pobreza, ignorância, injustiças. O retrato do mundo apresenta-se, diante dos olhares atônitos dos que defendem os direitos e a liberdade política, como imenso desafio. Ao contrário de outras épocas, quando a esperança de vencer o erro e o mal habitava as perspectivas filosóficas, teológicas e artísticas – o século XVIII é o grande momento daquele anelo – o século XXI começa com trevas e horrores que podem repetir os sofrimentos do século XX, com os campos de concentração, os genocídios e a Bomba sobre milhares de seres humanos. Cada ato que nega os direitos civis, o convívio no Estado de direito, as infrações às leis internacionais, repercute como desafio a ser vencido pelos que ainda não se curvaram aos novos despotismos. No mesmo passo, no Brasil descortina-se o presente melancólico ou mesmo atroz, fruto de um pretérito hediondo de escravidão e morte. Roberto Romano, em O Desafio do Islã, não pretende estar de posse de alguma miraculosa ou salvadora fórmula, proposta ou mágica, que a retórica ideológica, política, religiosa e mesmo científica costumam apresentar nos seus discursos diretos ou midiáticos como soluções para as contradições brasileiras ou para os dilemas do mundo. Apenas convida os cidadãos à análise fria da nossa vida cultural. Seguindo a norma de jamais pensar pelo leitor, mas diante dele, cada um dos ensaios reunidos neste livro da coleção Debates, dedica-se ao trabalho de identificar e discutir desafios que se colocam ao homem de nosso tempo nos domínios do Estado, do credo, das artes, da universidade e da cultura, sem demasiada raiva, mas com interesse apaixonado. Em cada uma de suas páginas encontra-se o respeito máximo pelo enunciado de Max Weber segundo o qual neutro é quem já se decidiu pelo mais forte.