Se a Anum, a escritora-mediadora deste livro, continuar se fazendo viva em suas criações, portanto permanecendo rebelde a este mundo por atender ao fluxo de sua própria existência dissidente, conseguiremos acessar, através das suas escritas, aquilo que pouco adianta conhecer para ter apenas conhecimento, pois é sábia, é velha, é criança e está de mudança. Aqui, neste livro, a Anum criança tenta subir em cima do cajueiro com o salto alto da irmã para comer um caju, mas ao mesmo tempo, numa queda onírica, sem a pretensão de atender ao tempo linear dos homens, está como uma maricona em seu robe de cetim tomando um licor de caju, ao redor de várias gatas. O seu escrito se conecta com uma rede de bixas, de transviadas, de travestis, de hijras, de muxes, two spirits e de qualquer outra população ao redor do mundo que diz não à norma de gênero e sexualidade pairante nos corpos e no ar. Não vamos supor que essas duas categorias gênero e sexualidade sejam limitadas a passar um (...)