a vida daqueles meninos os condicionaria a se tornarem guerreiros de esparta: alceu, iolau, heleno e clício deixam suas posições de crianças para traçarem sua trajetória rumo à glória de servir sua cidade, em seus ínfimos sete anos de idade. a realidade em que são expostos é agressiva, é intimidadora e implacável. apenas os fortes sobrevivem para que haja “liberdade para os gregos!” e, cada um, a sua maneira, mostra sua força para driblar os perigos que aparecem – tanto perigos para sua imagem como cidadão de esparta, quanto perigos que colocam suas próprias vidas em risco. ao passar dos anos, e com seus desenvolvimentos pessoais construindo suas posições sociais na realidade em que vivem, os meninos se tornam adolescentes e, após, homens. novas personagens vão se inserindo na vida dos protagonistas e criam novas estruturas para situação que explode ao redor, a guerra entre esparta e atenas. escrito com fluidez, o romance é uma verdadeira arca de informações históricas. arca essa, aberta em cada trejeito de fala das personagens e na facilidade com que o narrador coloca o leitor imerso na realidade que está propondo. a carga informativa da obra não impede que o leitor, já impregnado pela verdade descrita, se emocione e se surpreenda a cada novo fato narrado. transitando entre as diferentes visões dos jovens guerreiros, a narrativa problematizará diferentes valores sociais da antiguidade clássica com a visão de mundo contemporânea do leitor, debatendo assuntos que vão desde as possíveis políticas que existiam, relações familiares, amor, até as vestimentas, tudo dentro de uma descrição minuciosa e embebedada pelo homoerotismo. a obra entretém, além de informar, e pode ser usada como ponto de partida para discussões mais amplas que ultrapassam a época em que há o desenrolar da história. é uma trama que avança além do que se propõe, uma resposta artística a história de ontem e hoje. gabriel bruno martins